quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A palavra é prata, o silêncio é ouro


Cena de O Silêncio, 1963, by Ingmar Bergman
As relações humanas são sempre muito misteriosas, pois se nelas até podem ocorrer silêncios! Penso que o silêncio entre os humanos deve ser compreendido apenas como palavras não proferidas entre os envolvidos, mas, tais palavras, embora lhes falte o significante de signo linguístico, a expressão fonética desse significante, enfim, a oralidade reclamante, elas continuam ali como forma-pensamento.

Quando digo isso, estou sugerindo algo que pode ser desenvolvido até mesmo na direção da telepatia. Meu Deus!

Eu cheguei a conhecer pessoas que não se falavam, mesmo convivendo. Eu, há muito tempo, morei um ano inteiro em uma mesma casa e sem falar com minha amiga, isso aconteceu até eu perdoar ao que hoje chamo de “o nosso sofrimento juvenil”.
Nunca imaginei que o mesmo ocorreria comigo, ou seja, que alguém pudesse ser capaz de deixar de falar comigo!
O que opera, afinal, o silêncio em uma relação? Simplesmente, o fato de que alguém resolveu calar para si tudo o que diz respeito àquela relação.
Ao contrário dos piadistas de mau gosto, eu sempre achei que as mulheres estão corretíssimas quando desejam discutir a relação.
No entanto, quando re-al-men-te isso não é possível resta o tal silêncio.
Há casos em que ele ocorre de comum acordo, resultado de uma rusga qualquer entre os envolvidos, quando o silêncio é levantado como bandeira branca. Trata-se, nesse caso, tão somente de uma trégua. Mas, pode acontecer de a decisão pelo silêncio ser unilateral: alguém deixa de falar com alguém e esse último nem ao menos sabe o porquê. Sim, sempre haverá especulações, mas como são insuficientes, não cobrem o conjunto do que pensa, verdadeiramente, esse outro.
Um caso assim não me parece comum e será ainda mais incomum se isso ocorrer entre pessoas que não são propriamente um casal.
Em tal circunstância o que afinal poderia ser feito?
Para o momento, só consigo pensar em respeitar esse silêncio que se impõe e que pede uma resposta igualmente silenciosa. Mas, então, é o caso de chamar essa resposta de o silêncio dos inocentes.

8 comentários:

  1. E o que você me dz sobre a ausência do olhar entre pessoas que se relaconam? Tudo parece ir muito bem mas de repente a pessoa evita olhar nos olhos do outro lhe faltam as palavras surge o silencio.Um silêncio incômodo esquesito.
    Dizem que os olhos são o espelho da alma. O silêncio ou ausência de diálogo seria então a revelação que algo não está bem.

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    1. Apareceu um botão responder. Que coisa boa! rsrs
      Faltar o olhar é uma tristeza enooorme, não?
      Eu falo muito com o olhar...
      Na verdade, essa minha postagem foi a tentativa de elaboração de uma experiência que está em curso. Por enquanto, só posso mesmo rezar! Graças a Deus!

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  2. Eu, enquanto silenciosa (não enquanto casal, mas nas demais relações), prefiro quando a outra pessoa quebre o silêncio, se está disposta a entender e preservar a relação. Deve ser difícil também, estar do outro lado, e acho que deve-se mesmo respeitar o silêncio, mas não para sempre. Chega uma hora que passa da hora. Quando vira descaso de ambas as partes.
    Adorei, e a foto também.
    bj,
    Kika

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    1. Kika,
      Obrigado, eu sabia que vc iria curtir a fotinho desse fofo...rsrsrs
      É dificílimo estar do outro lado, sinto como se a experiência exigisse a princípio mais do que eu poderia suportar, mas estou corajosamente esperançoso. Deus me livre de passar da hora! Vamos torcendo por aqui. rsrsrs
      Suas palavras foram ótimas. Muito obrigado mais uma vez. ;-)

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    2. Imagina, você que é espertinho, minhas palavras ficaram confusas :/
      Pois bem... quando o outro adere ao meu silêncio, eu fico no fundo esperançosa de que ele esteja refletindo, pensando em como pode tentar melhorar a situação (principalmente se ele for a razão do silêncio) Mas infelizmente a adesão se dá por covardia e orgulho, normalmente. Até que alguém o quebre com amenidades, a qualquer momento, e, dependendo da natureza da relação, eu embarco, como se nada tivesse acontecido. Mas fica guardado lá dentro, até encher o copo, pois não esqueço não, sou rancorosa!! Ou então, fica cada um no seu lado silenciosos pra sempre, alheios ou não aos motivos do outro. Claro que não vai ser seu caso, pessoa sensata e sensível que é, e cujas relações devem ser assim também. Tudo se resolve.
      K.

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  3. kkkk no meu caso está mais para covardia... embora, eu insisto, eu esteja absolutamente inocente, nesse caso. Já pensei se não seria orgulho não lançar a perguntar: E aí o que aconteceu? kkkk Mas espero, de verdade, que não seja não, pois tudo é muito misterioso e delicado, no contexto que se armou, acho melhor aguardar mais um tiquinho...rsrsrs
    Você rancorosa, Kika? Só posso entender se isso for lá da sua natureza mesmo, viu? Te adoro! ;-D

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  4. ("até encher o copo", ave, vc entendeu, né?!) Sei lá, rancorosa do bem! não me esqueço não, acho que guardo a mágoa sim, quando fica mal resolvida. Mas tudo em paz. Agora quanto a isso aí, eu bem queria ser um pouco assim, ficar na minha, mas não sei de onde vocês tiram essa força, de ficar esperando. Eu não aguento, vou lá, pergunto, explico, etc!

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    1. Sim, existem as rancorosas do bem, graças a Deus! Quero acreditar que seja uma força mesmo ficar esperando... kkkkk No meu caso, eu tiro da oração. Fico rezando, rezando, rezando...Ajuda muuuuito! rsrss

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