quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Law & Love

 Esta semana eu estive fazendo um trabalho de revisão para um material didático e que abordava a questão do Direito e das Leis. O material era bastante extenso e trazia excertos de várias leis instituídas e promulgadas no nosso país: desde a Constituição Federal Brasileira, passando pelo Código Civil, a Consolidação das Leis Trabalhistas. Citava todos esses documentos legais, em diversas passagens, e também o Código de Defesa do Consumidor, o Código Penal, os preceitos de Direito autoral, enfim...
Eu, evidentemente, procurei ser o mais profissional possível, mas devo confessar que em determinada altura da leitura de todas essas leis, eu estava um tanto chocado, por que depois de ler com atenção redobrada cada um dos artigos e parágrafos únicos e alíneas etc., e que compunham alguns desses excertos longuíssimos de leis, eram tantos os horrores!
A verdade é que descobri com muito pesar: estamos todos tão atrasados! Meu Deus!

As leis são tão chocantes! Imaginem que é preciso dizer e por no papel e depois usar nos tribunais, de acordo com a necessidade, discursos como esse:

Art. 1º - Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
[...]
Art. 20 - Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.

Mas não é preciso ser tão fatalista, eu também sei que todas as leis são uma tentativa muito lenta e necessária de o ser humano alcançar o amor.
A duras penas, é verdade, mas será assim mesmo, ou seja, dizendo o óbvio para alguns, que construiremos o amor comum e que um dia, oxalá, será para todos.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Lena Wolff

Apenas o fato de saber que Lena Wolff é de São Francisco, na Califórnia, esse lugar muito simpático dos EUA, já me alegra. Para além dessa alegria, o seu trabalho também me conforta: eu ficaria horas em uma galeria em que esses quadros estivessem nas paredes.
Achei as imagens muito oníricas, como quando a gente está em um sonho e não tem medo dos animais ou das flores por mais estranhos que eles pareçam... Há aí qualquer coisa de observação da natureza por um outro prisma: o de uma pureza que você só encontra em seres espiritualizados e muito conectados com a força que há nas plantas e nos animais, que compreendem o inexplicável da crueza do ser natural, bem como o mesmo inexplicável da beleza em se ser assim mesmo.
Algo que me chamou a atenção foi esse seu pontilhismo que poderia se comunicar com o que acontece na arte aborígine da Austrália, mas que deve ter sua origem na arte indígena norte-americana. Penso também que o tipo de reflexão que esse trabalho sugere é muito necessário a esse nosso planeta: uma vez que se trata da força da expressão reveladora do desejo de se estar em paz, sendo o que se é.









sábado, 19 de fevereiro de 2011

Everyday learning

Tenho percebido que sou sempre vulgar quando gozo com o pensamento e a atitude maledicentes.
Essa percepção tem ficado ainda mais evidente por que, para muito além da percepção de que isso é vulgar, tenho desejado melhorar minhas atitudes na vida.
É que tenho estado buscando me aproximar, seriamente, do que só posso chamar do Mistério divino e que habita todos nós. Sei que dessa experiência não se fala, tão somente se experimenta e sempre muito dentro da gente.
Mas é possível afirmar que tal experiência pode se dar, do melhor modo, quando não se diz nada, nunca, que venha deliberadamente magoar um ser humano, qualquer outra pessoa.
Penso que é possível agir assim, por meio de um exercício lento e poderoso, como quando se busca só pensar o bem e de preferência todo o tempo: o que já seria um pouco do amor.
Mas como só pensar o bem, todo o tempo, dentro de uma existência tão passageira?
Pode-se, perfeitamente, começar pelo não maldizer. E isso mesmo que eu esteja comigo tão somente, na solidão do meu claustro interior, e mais ainda quando no meio da rua!
Por isso, quero e peço que a cena da minha enunciação interior, ou seja, a de meus pensamentos mais íntimos, possa ser a que me permita sentir compaixão, apenas compaixão.
É que, como dizia, percebo que sempre tenho sido vulgar quanto gozo com o pensamento maledicente.
Quero pensar de uma maneira que eu possa entrar e sair de dentro de mim com o coração limpo, e isso, apenas por que não quis mal ao meu inimigo e, portanto, não tive a reles recompensa das mãos maculadas.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mario Tursi - fotógrafo viscontiano

Ontem, fui ao Cinesesc com duas amigas para assistir ao filme de Rachid Bouchareb, Fora da Lei.


Não poderei falar do filme, interessantíssimo, por sinal, por que isso demandaria um tempo de elaboração de tudo o que passou pela minha cabeça enquanto o assistia e, acreditem foi muita coisa: uma delas é que toda independência de países explorados por um colonizador demanda muita luta e derramamento de sangue, é um fato... Não é todo dia que nascem líderes como Gandhi, não é mesmo? No livro 1822, por exemplo, há também uma descrição dolorosa das guerras entre brasileiros e portugueses. Ou seja, cada colônia sempre sofre muito quando deseja sua liberdade. Neusa Barbosa, do Cineweb, situa-nos os impasses que o filme sofreu na sua exibição em Cannes e vale a pena ler o que ela escreve sobre o filme aqui.
Além do filme, o mais delicioso foi ver uma exposição belíssima de fotografia que também acontece ali e que homenageia o fotógrafo italiano: Mario Tursi - outro olhar do cinema italiano. Ele trabalhou muito com Visconti e, portanto, as paredes do saguão do cinema estão cobertas de beleza. Beleza que se deve ao trabalho precioso do fotógrafo e à imaginação desse cineasta e de outros tantos com os quais Tursi também trabalhou. São cerca de 70 fotografias todas belíssimas, algumas são cenas dos filmes, outras de bastidores. Todas muito valorizadas pela excelente disposição nas paredes todas, ou seja, pelo cuidado com a própria cenografia da exposição. Elas estão organizadas por filmes e cada qual ganhou um fundo de cor diferente em cada parede em que se encontram os respectivos trabalhos.
Já fazia um tempinho que eu não passava por esse templo do cinema que é o Cinesesc. Um cinema sofisticado em todos os sentidos: no conforto que proporciona a seus frequentadores, na ímpar qualidade de sua programação e tudo isso por um ingresso bastante módico. Será que não faz tempo que você também não aparece por lá? Se for o caso, o que você está esperando? Se não quiser conferir o filme, apareça ao menos para ver a exposição, que tem entrada franca, e para tomar um café. Ela fica por lá até o dia 27 de março.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

This guy is an angel

Ontem, eu ainda estava me sentindo frustrado e isso por conta de um tolo episódio vivido no último sábado, quando eu tentara fazer uma omelete e a coisa toda não deu certo, pois transformou-se em famigerados ovos mexidos...rsrsrs
Embora eu estivesse desconfiado que a culpa fora da frigideira, que não era antiaderente, achei por bem conferir como um chef faz uma omelete e lembrei-me do simpático Jamie Oliver. No Youtube, encontrei-o preparando... uma omelete. Ele utilizava uma frigideira apropriada, of course, mas também explicava que há uns truquezinhos para ela manter-se inteira, além de saborosa.
Por conta desse vulgar episódio, soube, por ali mesmo, que o Oliver também participou daquelas palestras TED. Ele aliás, recebeu um Prêmio TED! Interessei-me, imediatamente, por ouvir sua fala na ocasião.

E, quando dei por mim, estava aos prantos!!!
Além de vivaz, um comunicador nato que ele é, o interesse nesse vídeo está no que ele nos conta de sua experiência magnífica em um projeto que ele desenvolve junto à comunidade americana: ele e alguns outros anjos, como ele os chamou, estão procurando reverter a calamitosa falta de educação alimentar daquele povo e que resulta em tantas mortes prematuras!
Aliás, o que acontece por lá sempre tem repercussão no mundo, e o Brasil está bem perto de viver esse horror da obesidade como um problema de ordem social. Nós também temos um monte de Mc Donald's, espalhados por inúmeras cidades: não podemos nos esquecer disso! ;-p
Ao ilustrar sua fala, ele nos mostrou, por exemplo, duas cenas no telão e que são impressionantes: na primeira, ele está sentado na cozinha de uma obesa mãe americana mostrando-lhe tudo o que cada membro da família tem ingerido: absolutely junk food! Ela toma, dolorosamente, consciência de que está matando aos poucos seus próprios filhos e ele lhe diz: sim, você está!
Em outra cena, o próprio Oliver está dando uma aula para crianças muito pequenas em uma escola e ele leva-lhes uma cesta com legumes, verduras, frutas, tudo muito fresquinho. Ao mostrar para as crianças tomates e lhes perguntar o que são, as crianças demonstram não fazer ideia alguma do que seja a tal fruta e apenas uma delas arrisca: Potatoes?
Jamie Oliver defende que devemos ensinar a cada criança sobre comida e que devemos preparar nossa comida em casa, comida fresca e saudável, na frente delas! E ele está coberto de razão.
Ele sabe do que está falando, pois é alguém que se envolve em programas sociais para a boa alimentação, dirige um restaurante que ajuda jovens em situação de risco, apresentando-lhes a gastronomia como alternativa de trabalho, além de defender a utilização de comida orgânica. Essas são suas principais bandeiras e ele tem sido reconhecido por tudo isso, no mundo inteiro e sobretudo no Reino Unido.
Sua palestra é um acontecimento, como tantas outras que temos visto nesse evento, por isso vale a pena conferi-la e também conhecer detalhes dos projetos do Jamie Oliver lá no seu site. Enjoy it!


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Os heróis da Pátria são apenas gente como a gente

Eu agora estou lendo um livro que me caiu nas mãos muito por um acaso. Eu já ouvira falar do sucesso que esse escritor, o jornalista Laurentino Gomes, e seus livros sobre o período da monarquia no Brasil estão fazendo. Ele tem tido a boa sorte do marketing dos títulos estar a seu favor, evidentemente, pois optou por nomeá-los com o ano de cada período que retratou, ou seja, primeiro foi o 1808 (ano da chegada da família real no Brasil) e agora o 1822 (ano da independência do Brasil). Mas os seus livros são muito mais do que puro marketing.
O primeiro não li ainda, mas vou ler! Comecei a ler, na sexta-feira, 1822: como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil, um país que tinha tudo para dar errado, e agora estou na metade do livro. É um livro de narrativa fluente e agradável: essa é a primeiríssima qualidade do mesmo. A segunda é uma qualidade menos óbvia, mas que alguns livros, não muitos, podem também revelar: eu penso que esse livro foi escrito com muito amor.
E como é bom ler um livro feito assim!
Muito já se disse desse livro, assim como do anterior, em todos os canais de comunicação. Não preciso dizer muito mais, mas posso dar notícia de uma ou outra impressão de leitor.
Eu concordo, por exemplo, que as principais qualidades do autor como jornalista podem mesmo ter colaborado para aquela característica muito positiva do livro a que já me referi e que é a sua fluidez. Afinal, o livro resultou de todo um excelente trabalho de investigação, e seu autor nos conta que sua experiência em reportagens do gênero muito o ajudaram na hora de transformar todo o material investigado naquilo que se conta no livro. Aqui temos uma verdadeira aula de história, na qual as personagens do episódio da independência do Brasil aparecem vivas e dinâmicas, porque elas tornaram-se personagens verdadeiramente humanizadas, e, assim sendo, muito próximas de cada um de nós. Essa é uma particularidade que faz com que, sim, ao término de cada capítulo eu tenha estado emocionado.
Quando fui contar essa circunstância a um amigo, ele me disse que isso talvez se devesse a um certo patriotismo em mim latente. Mas não acho que eu seja assim tão patriota e tampouco que isso aconteça por se tratar da história da minha pátria. Penso que isso se dá muito mais por essa história, que de fato é a do país em que nasci e vivo, ser uma história que é feita por gente e que veio de outros lugares desse mesmo planeta que habitamos, como o próprio Dom Pedro I, um português.
Por exemplo, o livro nos faz pensar muito detidamente nessa figura de Dom Pedro I, que, com apenas 23 anos, foi um dos protagonistas do episódio da independência. Curiosamente, quando eu lia essa informação da pouco idade que ele tinha, eu estava no metrô, em frente a um rapaz que aparentava ter essa mesma idade e fiquei pensando: Imagine! Ele era da idade desse menino, aqui, de bermuda, tatoo e dreads no cabelo. Ou seja, uma pessoa comum.
Outro aspecto bastante didático do livro e que, por isso mesmo, sugere uma reflexão suplementar é quando, por exemplo, o autor compara determinado acontecimento histórico de que está a tratar com os modos como ele já foi retratado, posteriormente, por outros meios. Por exemplo, a figura de Dom Pedro I foi personagem de um filme sobre a independência, da década de 70, interpretado pelo ator Tarcisio Meira e ainda de uma minissérie na TV, tendo, então, como seu intérprete, o ator Marcos Pasquim. Representações tão distintas e mesmo polêmicas e/ou redutoras, nasceram da complexidade da personagem histórica e que suscita e poderá sempre suscitar interesse. E deve mesmo suscitar! Há uma passagem que me fez pensar que Dom Pedro poderia, por exemplo, ter pertencido a minha família:

Gostava de jogar, mas era um mau perdedor. O viajante francês Jacques Arago contou ter sido convidado pelo imperador para uma partida de bilhar quando estava no Rio de Janeiro. Conhecedora do caráter impulsivo do marido, a imperatriz Leopoldina aproximou-se do francês antes que o jogo começasse e cochichou-lhe ao ouvido: “Deixe-o ganhar algumas partidas. Meu marido é bastante colérico.” Arago, que era um excelente jogador, não lhe deu atenção e, em vez disso, ganhou todas as partidas. D. Pedro reagiu de forma desesperada produzindo “uma cena digna de pessoas perversas em uma das piores tavernas de arrabaldes”, segundo o relato do viajante. Em seguida tentou blefar, mas como continuasse a perder, abandonou o jogo irritadíssimo. “De natureza impulsiva, voluntariosa, era sujeito a súbitas alterações de humor e violentas e repentinas explosões que tornavam difícil o seu convívio”, apontou a historiadora cearense Isabel Lustosa. “Eram logo sucedidas por atitudes de franca conciliação, quando dava demonstrações exageradas de arrependimento a quem antes ofendera.”

Ler um livro de História ensina tanto! Ensina-nos inclusive a compreender que o ser humano estará mesmo sempre sujeito a se lapidar, em qualquer tempo, espaço e condição. ;-)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Tudo pode acontecer, então: Amém.

Rua Boa Vista vista do alto by Alex Nunes
fotógrafo e web designer
http://www.alexnunes.com.br/
Sabe aqueles dias em que você acorda muito bem e se sente feliz?
É um estado inexplicável, mas que, hoje, aceito, posso compreender e até mesmo fruir.
Assim sendo, tive uma manhã ótima: com muita leitura no trajeto para o trabalho e com disposição renovada para tudo, absolutamente tudo: ao que pudesse acontecer, eu diria amém.
Na hora do meu almoço, fui à Casa Godinho, porque queria prazer gastronômico: suas empadas, esfihas e mousse de chocolate. rsrsrs

Parecia-me, até então, que o mundo e a vida se configurara em alegria e prazer, nessa minha sexta-feira.
Contudo, na volta, ao entrar na rua Boa Vista, onde trabalho, o que vejo?
Uma cena chocante, para dizer o mínimo.
Os populares se avolumavam em ambas calçadas e observavam-na. Cerca de oito policiais, do lado oposto ao que me encontrava, rodeavam um homem negro, alto e sem camisa que, ajoelhado e algemado, mantinha-se de cabeça baixa.
Era só isso: não havia muito barulho, apenas muita tensão.
Um dos policiais conversava com um homem que parecia explicar o que ocorrera...
Fui diminuindo minha marcha, mas passando pela cena, incólume, apesar dos meus olhos cheios d’água.
Porém, também imediatamente, comecei a vibrar em pensamentos, pensando no homem de joelhos:

Meu Deus, que ele seja protegido, apesar de tudo. Que sua atual condição de aflição não o impeça de recomeçar no devido tempo sua via, sob novas diretrizes e condições, se possível mais dignas e vantajosas.
Por ora, que ele não sofra violência maior do que a humilhação que já sofre nesse momento.
Que todos nós possamos ter compaixão uns dos outros, sempre.
Amém.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Índice de Felicidade do Planeta depende de cada um de nós

Eu tenho vivido muito intensamente a conectividade, por assim dizer, na minha vida: fazendo novos amigos, reencontrando outros de outrora, também tenho resgatado muitas das minhas relações na família.
Há ainda os amigos do trabalho, dos cursos que tenho frequentado, e das redes sociais, aqui pela internet.
Nesse sentido, por exemplo, o facebook é um ambiente que pode ser extremamente salutar.
Tenho tido provas disso o tempo todo. Mas uma em especial se deu ontem. Uma amiga no facebook postou um link de uma daquelas palestras do TED e essa, assim que eu ouvi, compartilhei imediatamente e quero registrar aqui nesse blog também esse dado: por que acho que todo mundo deve conhecer esse discurso.

É um discurso de alguém muito humano, muito comprometido com o futuro da humanidade. E gente assim merece ser ouvida e respeitada. É sempre uma aula e também como as boas aulas é uma grande emoção.

Ontem, uma aluna minha de 15 anos atrás, quando eu dava aulas para um grupo de adolescentes em uma escola de formação de professores, reencontrando-me no facebook me disse que nunca esquecera minha primeira aula (a lembrança era boa! Alegria! \o/). Eu pensei imediatamente: que responsabilidade ser professor! Mas podia ter pensado: que responsabilidade ser gente falando para os outros, o tempo todo, na vida, no cotidiano, por exemplo.

Esse vídeo, que eu espero que vocês assistam, não é muito longo, mas diz tanto!

Nic Marks, da nef (the new economics foundation), nos fala de algo muito importante: o Índice de Felicidade do Planeta. Ele nos diz, aliás, que um país da América Latina está no topo desse índice. É a Costa Rica. Uma das razões para isso, por exemplo, é simplesmente a de essa nação ter abolido, desde 1949, o seu exército. Um dado sofisticadíssimo, eu diria...
Esse é o primeiro país na lista dos que assinaram o compromisso de reduzir a emissão de carbono até 2021. Além disso, 99% de sua eletricidade provém de recursos renováveis, e eles também investiram em programas sociais, sobretudo em saúde e educação (eles possuem as taxas mais altas de alfabetização da América Latina). E, tudo isso fizeram, utilizando 1/4 dos recursos que os EUA e Europa utilizam para o seu progresso...

E, claro, sendo latinos, os costa-riquenhos têm muita conectividade. ;-)

E, importantíssimo (e penso que é o que justifica o título que dei a essa postagem), Marks também nos diz quais são as cinco coisas positivas que você pode fazer todo dia para melhorar o bem-estar na sua vida:

1. Conectar...
2. Ser ativo...
3. Notar (a vida, em geral, ao seu redor)...
4. Continuar aprendendo...
5. Doar...

Paro por aqui, por que há muito esperando logo aí embaixo, nesse vídeo histórico:



Don't forget: You can choose the subtitles in your own language.
Não esqueça de ver na lista de legendas possíveis a opção para legendas em português do Brasil

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Blanca Gomez

Blanca Gomez é uma ilustradora de Madri e que tem uma página no Etsy a que ela chamou cosas minimas. Ali, ela oferece ilustrações que podemos comprar por cerca de 30 dólares cada uma.
Achei o seu trabalho muito delicado e até mesmo comovente.
Lembrou-me umas ilustrações que desde criança eu já admirava quando, então, folheava umas revistas muito antigas. Vejam bem, as revistas é que eram antigas, afinal, eu fui criança na década de 70, e as tais revistas pertenciam, sei lá, à década de 30, como aquela revista brasileira chamada O Cruzeiro.
Eram revistas do tempo em que, por sua vez, minha mãe ou tias eram crianças, e que estavam entre os guardados de vovó...

Eu sempre me encantei com ilustrações que tão somente nos dizem o que precisa ser dito, com o mínimo, assim mesmo, como essas cosas minimas de Blanca.

Vejam, por exemplo, aquele parisiense: com apenas alguns traços retos você tem toda a elegância do tipo francês, basicamente.
O mesmo se deu, aliás, com o Inglês e até com o novaiorquino, no traçado de Gomez.
O casal de olhos fechados, então, é pura paixão e este Monsieur under the rain?
Você pode sentir, com o mínimo sugerido, o máximo do que seja o desejo da primeira gota de chuva no rosto! ;-)

Sim, meus caros, mesmo sendo ainda tão limitados, podemos ver o mundo, e/ou a experiência de estarmos nele, exatamente como nós desejamos que a coisa toda seja: eu tenho para mim que o trabalho dessa ilustradora está nos dizendo, a seu modo, isso mesmo.

Enjoy it!


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O que nos falta

 

Henri Cartier-Bresson, Mexico (girl with braids), 1934

Sabem o que eu acho que faz muita falta nas relações humanas?

Tenho um exemplo: faz falta chegarmos muito mais proximamente do coração do pai, mãe, filho(a), companheiro(a), amigo(a) e até mesmo de um desconhecido qualquer (embora aqui, isso só será possível quando já estivermos, cada qual, bem perto daquele desprendimento total de si mesmo, é claro...)
Um modo dessa aproximação ocorrer é possível, quando, por exemplo, virmos qualquer um desses seres acabrunhado, abatido, ou mesmo disfarçando um mal estar, e, então, nos aproximarmos tocando levemente em seu braço, ou na altura do ombro dessa pessoa e, com doçura e delicadeza, perguntarmos:

- Querido(a), você está preocupado(a) com alguma coisa?

Penso que não é preciso insistir que, se a referida pergunda for feita com uma dose sequer, a menos, de doçura e delicadeza, já não mais será a aproximação possível do coração e terá exatamente o efeito contrário do pretendido e que, também, se aquele toque com as mãos pesar um miligrama que seja, a mais, do que seria o grau de leveza necessário para essa aproximação possível, isso resultará em distanciamento, ou seja, mais uma vez o contrário da aproximação desejada.

Aproximar-se do coração é amar desprendidamente: o único modo que permite ao outro (cor)responder, quiça com o mesmo amor.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Lição do Islã: Deus é belo e aprecia a beleza

Ontem, fui jantar na casa de uma amiga muito, muito querida. Ela serviu-me um cuscuz marroquino divino!


Coincidentemente, hoje, quando saí de sua casa ainda era cedo para eu ir ao trabalho e resolvi passar no CCBB para conferir a exposição Islã – arte e civilização. Falar dessa exposição pode ser bastante difícil, quem cobre a matéria nos suplementos culturais de jornais deve ter bastante trabalho, porque, afinal, trata-se de uma exposição que cobre grande parte da contribuição da civilização árabe-islâmica para a arte universal.
Tal contribuição, todos sabemos, é imensa!

Eu fiquei impressionado com tudo o que vi. A riqueza dos fragmentos de arquitetura, manuscritos, iluminuras, peças de ourivesaria, cerâmicas, mosaicos, mobiliário (cadeiras incrustadas de madreperólas e forradas com tecidos bordados em fios de ouro!) tapeçaria (todos os tapetes, com certeza, poderiam ser tapetes voadores!), vestuários, armas, dentre muitas outras peças, e todas vindas de museus e reservas técnicas de Síria, Mauritânia, Marrocos, Líbia, Líbano, Burkina Faso, Brasil, Mali, Niger e Nigéria, além dos acervos como os de museus sírios, também contribuíram os acervos da Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes (BibliASPA) e da Casa das Áfricas.

As peças cobrem muitos séculos e eu que sempre fico emocionado em ver utensílios que fizeram parte do cotidiano de seres humanos que viveram em uma outra cultura e há milhares de anos, fiquei siderado dentro do museu. É tão bonito ver a riqueza de todos aqueles registros! Tudo é muito ornado de inscrições, tudo é um hino de amor a Deus. Eu fiquei com vontade de ser um mulçumano, que também pudesse ter se ajoelhado naqueles tapetes de oração expostos nas paredes, ou mesmo de ser um artesão que pudesse ter criado  alguma daquelas maravilhas: tudo ali é honroso e divino e maravilhoso!

E tudo é obra das mãos dos abençoados seres humanos.

Como já disse, a caligrafia está presente em tudo, nas pedras, nos vidros, nos bordados, nas pinturas. O Sagrado Corão aparece em diferentes exemplares, uns com páginas douradas, todos sempre com muita riqueza de ornamentos e a onipresente estilização das formas da natureza, uma vez que a forma humana não pode ser representada. Como os critérios de base religiosa da arte islâmica inibiram a representação humana (embora presente em uma ou outra manifestação), isso favoreceu toda a riqueza da arte desenvolvida em todos os suportes: aquela que se dá na profusão do ornamento!

Vou citar aqui uma passagem do catálogo da mostra em que o Prof. Dr. Paulo Daniel Farah nos diz algo que me pareceu essencial para compreender a exposição como um todo:

As obras selecionadas, entre as quais uma grande pedra de basalto entalhado, manuscrito corânico em pele de gazela sem a notação de pontos, tábuas de escrever e quadros contemporâneos, revelam a vitalidade dessa expressão artística e confirmam o dito muçulmano que anuncia “Deus é belo e aprecia a beleza”.

Eu diria que essa civilização levou esse dito ao pé da letra, e graças a Deus!, pois assim puderam nos brindar com uma manifestação de verdadeiro enlevo em torno dessa beleza transcendente.
Não deixe de ir até o CCBB, até o dia 27 de março. Leve a família, os amigos, os amores: viver é celebrar essa beleza que se perpetua e exposições como essa nos dão uma excelente oportunidade de experimentar essa emoção.