Tenho procurado tornar-me uma pessoa melhor. As dificuldades para alcançar esse intento são inúmeras a começar por, ainda e por vezes, manifestar minhas necessidades de um modo hostil: não quero estar com determinadas pessoas, quando elas são aborrecidas.
Mas o que fazer quando não é possível escolher tais companhias? As vezes, trata-se de um parente ou de uma pessoa cuja relação é de ordem profissional. Nesses casos, o melhor seria elaborar para si o aborrecimento que vem desse outro, e a partir da própria recepção: afinal, tudo tem um fim. Eu não preciso ser hostil só porque esse momento do contato humano está sendo desagradável.
Um episódio, a título de ilustração: Nesse feriado, decidi que me dedicaria aos estudos, em casa. Não moro só. Minha irmã resolveu visitar-nos, a mim e à minha mãe. Vinha com o marido e a filha pequenina. Eu os recebi, mas retirei-me para continuar minha tarefa. A certa altura, a criança, que é robusta, hiperativa e extremamente falante e simpática, entrou no meu quarto perguntando pela mãe. Ela tem apenas 3 anos, mas se comporta como e parece ter 6 anos. Eu converso com ela, normalmente, e tudo indica sou compreendido: Não sei de sua mãe, ela não está aqui e eu não posso saber onde se encontra...
Ah tá, eu vou procurar - Saiu saltintante, linda e feliz.
Minutos após, ouço gritos horrendos, acompanhados de um choro dilacerante. Extremamente incomodado, saio e, em alto brado, começo um discurso para a menina: Não faz sentido esse seu escândalo. Você não está só, mas na companhia do seu tio, do seu pai e da sua avó. [Então, lembrei-me que ela tinha 3 anos e que devo ter lido que crianças pequenas acham que vão perder a mãe para sempre se ela não está no seu campo de visão. É estranhíssimo pensar o que é certo e continuar agindo, exteriormente, de um modo equivocado] A sua mãe vai voltar! [Agora dirigindo-me ao pai e à avó] Eu não suporto isso. Não posso trabalhar nesse tipo de ambiente. Eu não tenho filhos!
Voltei para o quarto, mas o circo já fora armado. Segundo após, minha mãe veio protestar: Você não pode agir dessa maneira. As pessoas não vão querer voltar aqui. O seu cunhado pegou a menina e saiu protestando. Isso não são modos!
Minha mãe tem sempre razão, como todas as mães do mundo.
shit, shit, shit.
Bem, o resultado é que a casa voltou à paz e eu produzi imensamente durante todo o dia. No fim desse expediente, lembrei-me do episódio e liguei para o meu cunhado pedindo mil perdões, justificando-me e lamentando o ocorrido.
Parece que ele concedeu-me o perdão. Definitivamente, a criança não deve se lembrar do episódio. E com ela eu acabo por me entender, nem que seja com o auxílio dos ovos de Páscoa. Sei que ela tem um bom coração. E eu, eu quero tanto ser uma pessoa melhor!
"Isso não são modos"... sua mãe é maravilhosa... mande-lhe meus cumprimentos!
ResponderExcluirBeijos,
Lilian
Lilian,
ResponderExcluirEla é, não é?
Darei o seu recado.
outros tantos beijos.
Episódio engraçado este, embora deve ter sido desagradável no momento. Acho interessante o seu "quero ser uma pessoa melhor" pois sempre acreditei que o primeiro passo para isto é ter consciência que precisamos ser pessoas melhores. As piores pessoas são as que acham que são perfeitas e que não precisam mudar, os outros que as aceitem como são. Infelizmente a mudança é feita assim, passando por episódios como este, é assim que somos "lapidados", reconhecendo que precisamos melhorar e nos esforçando para tal. Boa sorte a todos nós nesta empreitada...
ResponderExcluirAmém, meu irmão.
ResponderExcluirVocê realmente foi extramamente grosseiro,não precisava ter agido dessa maneira. Realmente precisamos nos observar e procurarmos modos de sermos mais humanos, do imaginamos que realmente somos... Abraços,tem uma nova postagem lá no meu... Comente viu?
ResponderExcluirOlyvia,
ResponderExcluirExagerada! Fui talvez rude, hostil como eu chamei. Mas não precisamos chamar de "extremamente" grosseiro... Até porque dentro do coração a intenção não era essa. Fui egoísta, estava preocupado com o meu espaço para trabalhar, enfim. É claro que as outras pessoas sempre terão uma recepção dentro da sua própria subjetividade em relação às atitudes que tenhamos. Penso que o que vale é nosso desejo de sim, melhorar, a começar por evitar agir desse modo, é verdade, grosseiro, seja ele extremado ou não. Eu tenho esperanças nesse intento. A ver.