terça-feira, 30 de abril de 2013

fagulha incandescente



Viver em contato com o invisível é um aprendizado.

Ao fundo, as torres
da Catedral da Sé
Hoje, entrei na agência da caixa econômica federal que fica na praça da sé, 111. Para tanto,  fui obrigado a utilizar a única entrada disponível para a agência e que fica na rua Venceslau Brás . Nessa rua, vê-se uma construção que acho lindíssima: o Palacete do Carmo.

Mas, ele está abandonado! E deteriorando-se. :-(

Segundo o que pude apurar, o imóvel pertence à arquidiocese de São Paulo e, ao que tudo indica, a igreja católica está aguardando liberação de uma verba do Ministério da Cultura para reformar o palacete.

Sempre que vou a essa agência em frente, ponho-me à janela para observá-lo. Como é lindo! Está muito velho, mas há ali qualquer coisa muito impregnada em seu corpo arquitetônico, nas paredes, janelas e telhados. Ele foi construído no início dos anos 20 do século passado e em seus andares sempre funcionaram estabelecimentos comerciais, quando conheceu sua glória e, a partir dos anos 60, sua decadência.

Talvez porque a visão do palacete, agora mausoléu, despertasse em mim nostalgias desconhecidas, quando a moça do caixa deu-me aquela quantia módica de troco, fiquei emocionado. 

Pareceu-me compreender demasiado o pagamento da soberba de ontem, mas no lugar da revolta eruptiva do orgulho, senti muito mais a necessidade contrita do devoto. Nesse ato, verifica-se imediatamente que existe na aparente decadência a sobrevivência de uma aura do que se viveu demasiado, é dela que salta a fagulha de sentido, que por magia da graça retorna incandescente.

Palacete do Carmo


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