Viver em contato com o invisível é um aprendizado.
Ao fundo, as torres da Catedral da Sé |
Hoje, entrei na agência da caixa econômica federal que fica
na praça da sé, 111. Para tanto, fui obrigado a utilizar a única entrada disponível para a agência e que
fica na rua Venceslau Brás . Nessa rua, vê-se uma construção que acho
lindíssima: o Palacete do Carmo.
Mas, ele está abandonado! E deteriorando-se. :-(
Segundo o que pude apurar, o imóvel pertence à arquidiocese
de São Paulo e, ao que tudo indica, a igreja católica está aguardando liberação
de uma verba do Ministério da Cultura para reformar o palacete.
Sempre que vou a essa agência em frente, ponho-me à janela
para observá-lo. Como é lindo! Está muito velho, mas há ali qualquer coisa
muito impregnada em seu corpo arquitetônico, nas paredes, janelas e telhados. Ele
foi construído no início dos anos 20 do século passado e em seus andares sempre
funcionaram estabelecimentos comerciais, quando conheceu sua glória e, a partir
dos anos 60, sua decadência.
Talvez porque a visão do palacete, agora mausoléu, despertasse
em mim nostalgias desconhecidas, quando a moça do caixa deu-me aquela quantia
módica de troco, fiquei emocionado.
Pareceu-me compreender demasiado o
pagamento da soberba de ontem, mas no lugar da revolta eruptiva do orgulho, senti muito mais a necessidade contrita do devoto. Nesse ato, verifica-se imediatamente que existe na aparente decadência a
sobrevivência de uma aura do que se viveu demasiado, é dela que salta a fagulha de sentido, que por magia da graça retorna incandescente.
Palacete do Carmo |