quinta-feira, 19 de julho de 2012

Petals or leaves

Essa semana encontrei-me com um amigo, que me contou algo que ele próprio julgava incrível, impossível de acontecer com alguém, mas que acontecera consigo mesmo.

Parecia um sonho, mas ele estava acordado.

Ele me disse que saíra para ir ao supermercado e que, quando entrou no tal estabelecimento comercial e enquanto andava pelos corredores olhando as prateleiras, ao dar um determinado passo, sentiu como se tivesse atravessado um portal (isso mesmo) e, em uma fração de segundos, um tufão imenso veio em sua direção e, com essa ventania, páginas e mais páginas de registros das cenas de todo um passado vinham também: como se fossem folhas soltas de uma revista, mas no formato digital.

Ele não conseguia, mesmo que tudo aquilo passasse diante dos seus olhos, fixar o olhar em nenhuma das imagens que essas folhas soltas mostravam e apenas uma, também muito rapidamente, ou seja, em uma mera fração de segundos, se fixou diante dele, para em seguida também se perder em meio ao vendaval.

Nessa última folha, havia um rosto de uma personagem oriental.

Quando isso tudo acabou, ele se viu novamente no supermercado, evidentemente, aturdido.
Mas, algo se revelara com a experiência, ou seja, uma informação verdadeira e única se salvou e que dizia respeito, provavelmente, a um passado remotíssimo do meu amigo e que, além disso, talvez estivesse relacionada com aquela personagem de priscas eras. A ver.

Independentemente de que isso seja uma informação de ordem espiritual e que ele recebeu por necessidade e/ou merecimento ou, se você preferir, mera alucinação, o acontecido em si é algo bastante surpreendente: ainda mais que o meu amigo é uma pessoa muito lúcida e que não diz asneiras ou inventa histórias, eu posso garantir.
Isso que ele me contou voltou a minha lembrança agora, pois acho que tem tudo a ver com o que Amy Lowell, uma poetisa norte-americana, descreve em um dos seus poemas.

Eu conheci tal poetisa, ainda ontem, via web, e descobri que se trata de uma artista maravilhosa! 

Fiquei tão empolgado que fiz de brincadeira uma tradução deste seu poema lindo. Não é séria a tradução, é apenas uma brincadeira. Ok? Sabemos todos nós que traduzir poesia demanda algo, no mínimo, como dois anos, pensando na melhor versão para um único verso! kkkk

a poetisa quando criança
Petals

Life is a stream
On which we strew
Petal by petal the flower of our heart;
The end lost in dream,
They float past our view,
We only watch their glad, early start.
Freighted with hope,
Crimsoned with joy,
We scatter the leaves of our opening rose;
Their widening scope,
Their distant employ,
We never shall know. And the stream as it flows
Sweeps them away,
Each one is gone
Ever beyond into infinite ways.
We alone stay
While years hurry on,
The flower fared forth, though its fragrance still stays.

Amy Lowell
Pétalas

A vida é um fluxo
Em que espalhamos
Pétala por pétala a flor do nosso coração;
O fim perdido em sonho,
Elas fazem boiar nosso anterior propósito,
Nós apenas assistimos o contentamento delas, na prematura arrancada.
Carregadas de esperança,
Enrubescidas de alegria,
Nós espalhamos as folhas de nossa rosa aberta;
Seu amplo objetivo,
Seu distanciado emprego,
Nós nunca saberemos. E o fluxo à medida que flui
Varre-as.
Cada uma está desaparecida,
Sempre além, em infinitas direções.
Nós permanecemos sós,
Enquanto os anos correm.
A flor passou adiante, embora sua fragrância ainda permaneça.

4 comentários:

  1. Bravo!
    E que imagem linda vc pescou, né? A imagem também é, aí, uma tradução do poema. E aposto que, com sua refinada habilidade de navegação, foi pescada num átimo. O tempo, nas traduções, é muito relativo.

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  2. Lu, você é ótima! Merci, merci, merci. <3

    A minha sorte é que ela é precursora do verso livre, mas notei que há aqui e ali alguma rima, que nem pensei em reproduzir em português. Daí minha brincadeira de que a coisa poderia ser infinita...rsrsrs

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  3. Josafá, que história interessante. Eu não acredito em alucinações... rs

    Conheço uma pessoa que foi viver um tempo em Londres e, um dia, andando pelas ruas teve uma espécie de surto. Depois veio-se saber que foi um lampejo, uma volta pelo tempo ou uma lembrança de uma vida lá vivida.

    Beijo.

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    1. ah sim, penso que foi esse mesmo o caso do meu amigo citado. ;)

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