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Não há motivo algum para se sentir infeliz, vamos combinar assim. Ainda que, por
exemplo, sei lá... você descobrisse que seu namorado tem um envolvimento com
outra pessoa. Ainda assim! Tampouco isso justificaria o sentimento de
infelicidade mórbida que costuma acometer algumas pessoas, as quais eu conheço e talvez você mesmo também conheça.
A tal descoberta justifica, quando muito, o término da relação,
justificaria também, quiçá, o perdão e o recomeço, mas não o sentimento de
tristeza profunda e que acompanha tantas decepções amorosas.
Fiquei pensando nisso ao ler o conto Bliss, “Felicidade”, de Katherine Mansfield.
Bertha
Young, Pearl Fulton e Harry vivem qualquer coisa que, afinal, não
poderia ser catalogada em um nível comum de relação, mesmo aquela que já se
esperaria de um triângulo, ou seja, quando o próprio "triângulo" não é de fato desejado, ao menos
por um dos três vértices.
Nesse conto há uma
cumplicidade entre mais de um par: entre Bertha e Pearl e entre Pearl e Harry. E claro, uma cumplicidade em algum sentido mais profundo, para além da natural ou que já se esperaria, entre
Bertha e Harry: o casal "oficial".
Mas, então, no ápice
do que poderia ter sido uma situação que, entre os mortais comuns, decairia para uma espécie de sofrimento imensurável, temos tão somente essa singela passagem:
Bertha correu para as janelas largas do
jardim. "Deus! O que vai acontecer agora?".
Mas a pereira estava tão linda como sempre, tão imóvel e florida como sempre.
Mas a pereira estava tão linda como sempre, tão imóvel e florida como sempre.
No fundo, é isso o que me interessou apreender nessa experiência de leitura: o fato de que essa
linda pereira continua imóvel e florida como sempre.
Mesmo que a apropriação da metáfora possa parecer "brega", não vou me furtar a dizer que há, sim, uma pereira dentro de cada um de nós e é a isso que desejo também chamar felicidade, porque se trata daquela que não se dissipa por nenhum motivo da ordem dos anseios egoístas, menos ainda por um motivo que pretenda ser o oposto dessa beleza e desse desabrochar sem igual. Mesmo quando me desespero e clamo por Deus e/ou me pergunto acerca do futuro incerto.
Simplesmente assim ou ainda que não tão simplesmente! ;-)
Mesmo que a apropriação da metáfora possa parecer "brega", não vou me furtar a dizer que há, sim, uma pereira dentro de cada um de nós e é a isso que desejo também chamar felicidade, porque se trata daquela que não se dissipa por nenhum motivo da ordem dos anseios egoístas, menos ainda por um motivo que pretenda ser o oposto dessa beleza e desse desabrochar sem igual. Mesmo quando me desespero e clamo por Deus e/ou me pergunto acerca do futuro incerto.
Simplesmente assim ou ainda que não tão simplesmente! ;-)
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