sexta-feira, 8 de abril de 2011

A chuva de pétalas


Chuva de pétalas de rosa sobre Mila,
da série elaborada pela amorosa mãe finlandesa: Adele Enersen.
Eu não vejo muito noticiário televisivo por que não tenho estômago, em geral. Mas, hoje, cheguei no refeitório da empresa onde trabalho, no qual há uma TV enorme, e ali víamos uma cena emocionante: um helicóptero da polícia civil sobrevoava, derramando pétalas de flores, sobre o cemitério, no Rio de Janeiro, onde estavam ocorrendo os funerais de ao menos três das crianças vítimas da chacina na escola pública, que se deu ontem, e que foi amplamente noticiada.
Tanto se falou a respeito! Inúmeras as declarações indignadas, repleta a comoção do país inteiro. Eu, diante de notícias do gênero, só consigo ficar perplexo, como todo mundo, mas também guardo um silêncio respeitoso. É sempre tão horrível que alguém possa de fato enlouquecer! É sempre tão triste a morte de inocentes! Mas, isso tudo acontece em mundo que não é o Paraíso. A verdade é que estamos todos ainda far from heaven.
A que abismos obscuros da alma esse pobre assassino se entregou para que pudesse vir um dia agir tão distante da razão?
O que justificaria que tenham morrido aquelas pobres crianças e não outras, sendo alvos aleatórios que eram, ao menos inicialmente, e de uma insanidade!?
Eu acredito que somente no colo do mistério de Deus podemos deitar tais questões e suas respostas. Quero ainda acreditar que os espíritos das crianças estão bem, embora assustados, e que o do rapaz embora não possa estar assim, agora, virá a também estar bem naquele futuro indeterminado e que acolhe sempre a todos nós, sejamos culpados ou inocentes, mais ou menos pesarosos e, sobretudo, mais ou menos próximos do amor sem limites.
Acredito que todos estamos mais ou menos próximos desse amor: esse tipo de episódio apenas nos desperta para a necessidade de que devemos continuar firmes e fortes na missão de transformar o mundo e a escola em espaço de vida e não de morte orquestrada.
Penso que esse é o desafio lançado no fundo do coração de cada indivíduo, depois disso!
As pétalas das flores são apenas uma lembrança da delicadeza de sentimentos e de pensamentos e de atitudes, os quais uma tragédia como essa também exige que tenhamos.
Penso ainda que há uma vantagem no luto, ainda pouco compreendida, é que ele desperta nossa propensão ao exercício de meditação e união com o mistério divino.
É por isso que todo luto deve ser bem feito. Do contrário, nos distanciamos desse exercício e, assim sendo, seremos ainda vítimas do egoísmo, o grande rival do amor.

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