quinta-feira, 28 de março de 2013

De profundis

Deserto à noite by André Lins



Há aborrecimentos que não são desta experiência imediata, que são acionados pelo inconsciente! Esse da psicanálise propriamente freudiana of course... Mas há também aquele Outro da análise junguiana, sim! 

Vejo-me, por exemplo, acionando por vezes aborrecimentos ancestrais. São lembranças de priscas eras e que, no entanto, são despertadas na forma de um pequeno aborrecimento contemporâneo: quando então tudo fica ridículo, porque é muito sentimento velho expresso em um presente que não demanda essa maluquice toda.

Eu sei que isso também faz parte da experiência de ser gente.

Contudo, eu desconfio muito quando o fato corriqueiro que desperta o tal aborrecimento, ao mesmo tempo novíssimo e ancestral, diz respeito sobretudo à ação de alguém do meu cotidiano.

Por que com essa pessoa em particular tenho sempre um evento que me exaspera, me constrange ou me desperta a ira? O que terei feito a ela ou o que ela me terá feito? Quando exatamente teria se dado esse desgosto e por quê? Embora fique evidente que o que assim se apresenta não possa ser tão fortuito, fico sem ter como responder a nenhuma dessas questões.

Assim sendo, o ideal é estar mais atento ao aqui e agora mesmo, ou seja, menos afoito ao desentendimento gratuito, despertado por uma história tão antiga e que por sua expressão contemporânea já se revela como produto espúrio de um tempo em que éramos provavelmente muito mais ignorantes e por isso mesmo menos serenos.

2 comentários:

  1. Não sei você, mas eu acredito muito em energia, e aprendi, através de experiências como essa sua, que algumas pessoas simplesmente não têm uma energia boa, ou, pra ser mais justa, têm uma energia que não bate com a minha. Percebia assim mesmo como você, que qualquer palavra ou gesto, ou mesmo a simples presença num mesmo recinto de certos fulanos me incomodavam tanto, chegando a me causar pesadelos à noite. Quando me dei conta disso, percebi que o melhor remédio é, óbvio, evitar o contato. E quando isso não é possível, aprendi, com uma amiga esotérica, uma pequena técnica que, se não adianta, mal também não faz: na presença de gente que te faz vibrar negativamente, imagine-se envolto por uma luz violeta brilhante!
    Beijos,
    Kika

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