quinta-feira, 10 de maio de 2012

kinds of melancholy


Ontem eu fique um tanto melancólico,  não comigo mesmo, afinal, eu não tinha motivo pessoal algum para estar melancólico, graças a Deus! O motivo era tão somente saber que pessoas amigas passavam por dificuldades contra as quais eu não poderia nada fazer.

Há, de qualquer modo, um tênue liame entre você ser solidário com o outro em sua dor e tomar para si as tais dores dos outros, uma vez que você mesmo não teria motivo algum para alimentar tristeza, além dessa solidariedade natural.

Eu penso que isso é até um risco. Afinal, toda dor resulta de alguma causa, mas, às vezes, ela acontece por motivos desconhecidos imediatamente, no cenário visível. Nesse caso, é preciso ser maduro e apenas ter uma disposição de espírito favorável para que tudo se conforme da melhor maneira possível, sabendo sempre que os atores envolvidos diretamente na dificuldade é que poderão agir: somos expectadores atentos e solidários tão somente e evidentemente!

Uma melancolia alegre também existe. ;-)
           
Por exemplo, uma amiga me contou que ao dispor as bonequinhas de pano de minha mãe na vitrine de um bazar que promovia na páscoa passada, observou que senhoras muito humildes, provavelmente nascidas nos sertões brasileiros, passavam, na calçada, rumo ao hospital próximo dali e estancavam diante das bonequinhas. Pois bem, tais senhoras viam as bonequinhas e paravam diante delas estarrecidas, emocionadas, colocando a mão no peito e diziam não acreditar que viam ali as mesmíssimas bonequinhas ou que uma avó ou que uma mãe fizera na infância para as meninas que eram então naqueles tempos remotos, uma até lembrava: “a minha o cachorro malvado destruiu com os dentes!” e voltava a ser a menina indignada com tal violência irracional.

Minha amiga dizia que as cenas eram comoventes, de cortar o coração, e que até vendeu alguns exemplares a preços simbólicos, porque o que ela viu diante dela foram imagens muito concretas de comoções d’alma , resultantes de reminiscências femininas, ou seja, de um tipo de despertar próprio de uma memória afetiva sem igual. Experiência que só pode ser compreendida em seu âmago por quem é delicado nesse testemunhar, solidariamente, uma lembrança de amor.

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