terça-feira, 25 de outubro de 2011

Era uma casa cheia de sons


Josafá Crisóstomo ouve no Banheiro
 Eu queria tanto ter escrito aqui antes about essa experiência. Mas só deu para escrever agora!
Há duas semanas fui visitar a instalação da artista Renata Roman, Memória da Casa – Instalação Sonora.

Trata-se de uma casa vazia. No entanto, ocupada por paisagens sonoras.

Ao chegarmos, a artista nos recebe como em sua casa, ela apenas nos faz este pedido: Enquanto estiverem em um dos cômodos mantenham as portas fechadas e apenas ouçam.

Trata-se de um exercício de educação do ouvido de fato. Quando entramos, por exemplo, na sala vazia, vindo de uma pequena caixa de som, instalada em uma simples tomada na parede, ouvimos o ecoar de sons característicos de uma sala habitada. Por exemplo, o som de um piano que toca ou um telefone...

Há uma sequência que podemos ouvir até ela se reiniciar, quando passamos para outro cômodo -  como em uma narrativa - e vamos percebendo tal sequência de sons como se ela ocorrera em uma casa habitada, cujo memorial, então, se descortina.

Aliás, esse foi o conceito de que partiu a artista: Em cada cômodo, narrativas sonoras específicas indicam a vida transcorrendo como outrora. Algo que um dia ali esteve, ali retorna. A realidade tenta se reconstruir através de seus cotidianos que remetem ao tempo em que o espaço foi ocupado.

Quando falei sobre essa experiência para uma amiga ela me perguntou: Mas a “memória” é a dessa casa, a qual a instalação ocupa? São os sons que ocorriam ali mesmo, quando ela era habitada?

Eu respondi que não é o caso, pois trata-se, na verdade, de uma memória arquetípica. A casa física apenas empresta o espaço, o abrigo, bem como essa sugestão dos nomes/espaços das partes de uma casa: sala, cozinha, quarto e banheiro... Afinal, toda casa possui essa toponímia.

O que o trabalho de Renata faz é preencher a casa com os possíveis sons comuns de serem encontrados em cada um desses espaços que a constituem, portanto, sons possíveis ali, o que estou chamando de sons arquetípicos, ou seja, para que se construa em nós a memória afetiva que temos de todos eles, afinal, eles ocorrem nos espaços que de um modo ou de outro já ocupamos em uma casa, seja na nossa própria vida, seja naquela que sonhamos.É essa paisagem sonora também onírica que se funde, portanto, com as sequências de narrativas sonoras dessa memória da casa de Renata Roman.

Por exemplo, quando entrei no quarto ouvi sons de uma intimidade muito reveladora da natureza humana, ouvi até uma canção de ninar... E, afinal, quem não tem essa memória afetiva de sons tão característicos do abrigo humano e, portanto, prenhes de significação?


Paula Cunha ouvindo
a memória da cozinha
 Assim, todos nós somos solicitados a recordar, nessa casa, que o abrigo humano abriga tesouros incalculáveis, os quais na fluidez dos dias se perdem... nas ondas do ar.

Obrigado Renata Roman por conter essa riqueza nessa casa, e que tão gentilmente você nos convidou a adentrar para nela nos reconhecer!

Quer experimentar essa sensação sem igual? Visite a instalação sonora Memória da Casa, nessa última semana do evento:
Sexta-feira (28/10), sábado (29/10) e domingo(30/10)
das 14h às 18h
Rua Imbó, 293 – Água Rasa – São Paulo- SP
Mais informações: http://www.amemoriadacasa.blogspot.com/


7 comentários:

  1. keke a paulinha tá fazendo aí???? xará, vc tá levando a menina pro bom caminho??? beijoooo.

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  2. parabéns Jô!!! adorei...desconsidere as brincadeiras!!! Gostei especialmente da Paula!!!

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  3. kkkk Esses foram os comentários mais malucos que eu já li por aqui. kkkk
    A Paulinha é que atraiu essa galera. kkk
    Então, xará, você reparou que ela está na cozinha e eu estou, sozinho, no banheiro, né?
    Além disso, ela já é bem grandinha, sabe com quem anda e por onde... rsrsr

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  4. Que bom Josafá Júnior, que você pode-se se dar ao prazer de visitar, museus, salas de exposição de todo o tipo de artes, vai ao teatro, vai ao cinema
    vai as reuniões de amigos,ETC. Quer saber? você, é uma pessoa que curti tudo o que há de melhor nesta vida.- Parabéns.Você é D+.

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  5. kkkk Anônimo, graças a Deus, eu curto mesmo! E é por isso também que eu compartilho por aqui essas experiências, pois acho isso tudo tão instrutivo! ;-)

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  6. Josafá, estive na casa muito encantada, com sons q surgem do nada, mas me levaram para um todo do que sou...

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  7. Que maravilha! Fico super feliz em saber disso e que essa postagem tenha tido essa repercussão de fazer com que alguém fosse conhecer a casa! Merci por me contar.

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