Não contei por aqui, mas eu também fui ao CCBB ver a exposição de Escher (meu Deus como a gente aprente tanto em um evento como esse!) Quem não foi ainda, deveria ir, porque a exposição é um presente muito digno do Banco à cidade. Mas, como mais de 1 milhão de pessoas já foram conhecê-la, acho que tal exposição dispensa divulgação a essa altura. Quem não for é porque não entendeu a importância do evento e talvez não entenda isso nessa vida. rsrsrs
Agora, acho importante que eu fale aqui de uma outra exposição que fui visitar na semana passada, agora na Pinacoteca do Estado de São Paulo, trata-se de
Paulo Werneck Muralista Brasileiro.
O interessante dessa exposição é que, assim como a do Escher, ela cobre toda a produção do artista, praticamente. Ficamos sabendo de toda a sua trajetória. Conhecemos, assim, seus primeiros projetos de painel mural, da década de 40, com composições figurativas contidas em retângulos e que traçam a área do suporte. Também vemos os projetos para os painéis da Pampulha. O curioso é que a Igreja de São Francisco de Assis da Pampulha, em Belo Horizonte, todo mundo conhece devido ao Oscar Niemeyer, mas poucos sabem que os paineis são de Werneck: eu não sabia e a exposição fixa essa assinatura por ali. É tão bonito ver a libertação do artista em relação à iconografia e isso no mural de uma igreja!
Há ainda a passagem dos elementos figurativos pelo trabalho do artista e que aparecem com força nas composições em que elementos figurativos convivem com formas abstratas, em composições híbridas, como nos projetos para o Senai de Benfica, por exemplo.
A grande riqueza do trabalho do artista espalha-se por todo o Brasil, sobretudo nas fachadas de prédios de bancos, de autarquias federais, ou seja, instituições variadas e mesmo residências. Em tais murais o artista utiliza, na sua grande maioria, elementos da geometria plana - círculo, quadrado, triângulo - e que combinados sugerem formas mais complexas.
Algo que é ressaltado na exposição é que o artista integrava esses painéis por meio de um estudo rigoroso, alcançando um resultado que jamais seria uma presença desconcertante, impositiva ou meramente decorativa.
São, sim, verdadeiras explosões de cores, ocupando toda a superfície para onde foram pensados, portanto são muito estimulantes, pois permitem ao mesmo tempo uma visão múltipla e fragmentada.
Eu fiquei emocionado com a beleza incrível do seu trabalho. Alguns painéis, imaginem, eu já vira em edifícios de Brasília mas não sabia que eram de sua autoria, por lá as pessoas falam mais no Bulcão...
A exposição apresenta também as imagens dos seus trabalhos e depoimentos de contemporâneos, em vídeos. Aprendi, por exemplo, ouvindo uma personagem de um vídeo, o seguinte:
o mosaico foi o segredo para decorar as paredes cegas do Modernismo. Portanto, Werneck foi um desses mentores que trouxeram a luz, a cor e a visão para tais paredes cegas.
Há uma matéria, em um periódico francês, e que é encontrado em meio a toda documentação exposta, que fala de Werneck nesses termos:
Paulo Werneck et demontrent une fois de plus la maîtrise contemporaine dans un art ancien.
Sem dúvida, um artista brasileiro dos grandes. Conheça-o você também!