segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O convívio com as crianças

Ainda ontem, eu falava aqui da minha preocupação com a educação das crianças. Acho que tal tema tem sido recorrente na minha vida, talvez porque quando chegamos na meia idade e, mesmo não tendo filhos, as crianças começam a nos cercar. Os filhos de irmãos e irmãs, no meu caso.
De qualquer modo, eu penso que teria dificuldade em conviver diariamente com as crianças. Elas demandam uma atenção concentrada e, acredito, também um amor incondicional. Mas, sempre que estou em contato, exercito falar com as crianças e, de preferência, de igual para igual. Acho patético tratar crianças como seres retardados ou com grosseria demasiada, o que, infelizmente, é o que mais assistimos nas famílias, nas atitudes dos pais e adultos em geral em seu convívio cotidiano com os pequenos.
A propósito, estou lendo o livro de Amós Oz intitulado De amor e trevas. Nele, o autor conta muito da sua vida - o livro é sobretudo um relato autobiográfico - e, em determinadas passagens, ele nos conta a respeito de sua terna relação com os pais quando ainda criança. Filho único, certa feita conversando com os pais, extrapolou em algum assunto ou circunstância e o pai o repreendeu. Talvez tenha sido a repreensão, de um pai para seu filho, mais elegante, sincera e com todo o sentido e que eu já tenha ouvido contar. Vejam lá:
Chega, acabou. Por hoje é o bastante. E lembre-se, por favor, que hoje você vai tomar um belo banho, incluindo lavar a cabeça. Não, nem pensar, disso eu não abro mão. Por que abriria? Você pode me dar um bom motivo pelo qual eu devesse adiar a esfregação da cabeça? Não? Nesse caso é melhor que no futuro você nem tente começar uma discussão se não tem argumento, nem sombra de argumento. E faça o obséquio de lembrar, de uma vez por todas que por definição "eu quero" e "eu não quero" não são, de maneira alguma, argumentos, mas caprichos.

6 comentários:

  1. Seus textos são encantadores. Você está escrevendo com admirável lucidez, maturidade e senso crítico. É revigorante ter contato com gente que realmente pensa o mundo em que vive e assim o remodela e reconfigura. Vamos em frente!

    ResponderExcluir
  2. Se lidar com crianças, eu que sou mãe de uma digo, fosse tão simples assim, como elas realmente a todo momento parecem e nos ouvissem de uma forma tão lúdica e sóbria e entendessem exatamente o que queremos dizer, como citado do texto (ref. ao livro), muitas brigas e discussões seriam evitadas.
    Infelizmente nada é tão simples assim na vida real, é tão mais fácil por em palavras, pois tudo se torna romântico e até lirico.
    A vida real é bem mais conturbada e com filhos, torna-se um distúrbio e um exercício da paciência e do amor incondicional.
    Mesmo assim sempre é bom tentar...

    ResponderExcluir
  3. Simone,
    Muito Obrigado! Estou adorando compartilhar essas idéias todas. Acredito que todos esses canais é para a gente ir em frente, sim.

    ResponderExcluir
  4. Olyvia,
    paciência e amor incondicional é o grande exercício para quem tem filhos e até mesmo para quem não os têm, não é mesmo? Talvez seja para isso que os distúrbios servem, para a gente fazer o tal exercício...

    ResponderExcluir
  5. Filhos, filhos...Só posso dizer uma coisa: jamais. Uma convicção antiga. Algo bem resolvido entre eu e minha companheira, que não quer nem pensar na idéia. Mais um? Nem pensar! Já temos onze, quer dizer, estamos com onze no momento e estamos quase enlouquecendo. Não dormimos há (imagina a loucura) dois dias! Eles são chorões, bagunceiros, cheios de energia, comilões, ufff. Dão um trabalhão. São fofos demais, é verdade. Aliás, mais que fofos. A genitora, que por acaso é a paixão da nossa vida, uma labrador chocolate, é dedicada e paciente, mas até ela fica de saco cheio. Eles gritam, se espalham, se amontoam. São gostosos demais, mas ela já não está afim de amamentar e ponto! Daí a gente entra com complementação de papinha, cata um da chuva, puxa outro da grama lá longe e por aí vai. Enfim, logo eles vão embora. Vai ficar um pouco de saudade, muitas fotos, vários vídeos, muitos ohhhhh, que lindos. E...talvez....uma menininha pra fazer companhia pra nossa Cacau, pra nossa Tula e pros nossos gatos, o Sebastian e a Duda. Filhos? Tô fora.

    ResponderExcluir
  6. Simone,

    Eu não tinha lido esse seu comentário. Que ótimo! Quantos bichinhos. Que São Francisco de Assis abençõe!

    Queria muito conhecer o Sebastian e a Duda, vc sabe que são os meus preferidos do mundo animal, os felinos. ;)

    kisses

    ResponderExcluir