quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A Cigana leu o meu destino

Trabalhar no centro de São Paulo é sempre uma aventura e uma emoção. Todos os dias você irá encontrar milhares de pessoas nos trens do metrô, nas praças e ruas. Todos os dias os rostos serão novos, os mais diversos e raramente se repetirão. Alguém irá te abordar, inevitavelmente, para pedir algo: dinheiro, comida, cigarro ou apenas uma informação.
Hoje, ao sair da estação Sé e descer a praça, encontrei uma cena que me remeteu àquela canção de algum carnaval passado e que agora me parece tão distante: "A cigana leu o meu destino..." Foi exatamente essa a cena: uma senhora estendia sua mão para uma cigana que dizia no momento da minha passagem: "Uma pessoa conhecida..."
A primeira vez que vi ciganas na minha vida, eu devia ter doze anos e foi nessa mesma praça da Sé. Na ocasião, achei que elas não eram pessoas reais ou do meu próprio tempo, mas que pudessem ter saído de algum túnel do tempo: diretamente da Idade Média europeia (ou da ideia que eu fazia do que devia ser a tal Idade Média, na Europa). Aliás, lembro-me exatamente de ter pensado: Nossa que coisa mais medieval! Sinto mesmo que com aquelas saias rodadas e multicoloridas, os seus longos cabelos soltos, presos ou em tranças, as ciganas da Sé, em sua atitude mística e em seu ofício de ler nas mãos o destino das pessoas, resultam, é certo, em um anacronismo. No entanto, ele se atualiza no desejo natural daquelas pessoas que estendem suas mãos e confiam na arte de tais ciganas, que, se observarmos bem, é quase uma prestidigitação.
A verdade é que o cotidiano de São Paulo está cheio de magia. Esta semana, em especial, a magia ficará por conta do carnaval. Na magia muito característica do carnaval, em que comunidades inteiras dos inúmeros recônditos da cidade, após mobilizarem-se nos diversos ensaios em suas quadras, desfilam na avenida seus tesouros de imaginação e alegria e que foram forjados em seus barracões. O melhor de tudo é saber que a alquimia do samba ainda impera nessas ocasiões e a celebração da vida nessa cidade continuará sendo o grande tema subjacente, e que também não faltará seus correlatos, ou seja, a imensidão de pessoas em São Paulo, em sua diversidade, com suas carências e seu desejo por um destino melhor.

2 comentários:

  1. É isso mesmo, meu caro Josafá. Estamos na época de maior fantasia e ludismo popular do Brasil. Viva a magia do carnaval!!!

    ResponderExcluir
  2. valeu...estamos ai lendo e escrevendo ou seja tendo um king kong por dia em oparto de cesaria com um medico cego e amputado rsrsrsrsrsrrsrs leia mais e comente mais ....slow

    ResponderExcluir