O tema da infância no abandono tem sido recorrente para mim nos últimos tempos.
Por exemplo, eu pude ver e escrever a respeito do filme Adorável Pivellina e foi tocante conhecer a personagem que encontrou uma pobre menina de 2 anos abandonada em um balanço de playground e vê-la sendo obrigada a fazer companhia e distrair uma criança perdida, portanto, a imagem mais flagrante da inocência, quando aguardam, ambas, por um longo tempo, uma mãe que não aparece.
E hoje eu estava nessa livraria e vi um exemplar muito charmoso de um livro que é um clássico da literatura infantil inglesa: The Secret Garden, de Frances Hodgson Burnett.
Eu não leio em língua inglesa mais amiúde como gostaria, embora consiga fazê-lo bastante bem, sem precisar recorrer ao dicionário a cada palavra desconhecida do meu vocabulário individual naquela língua. Contudo, nunca é tão fácil ler em outro idioma, e, ainda assim, quando comecei a ler esse livro não consegui parar, pois é também essa, como foi assistir aquele filme, uma experiência adorável.
Já li dois capítulos do livro e foi igualmente comovente ver a protagonista, Mary Lennox, uma garotinha de apenas 9 anos de idade e que, no começo da história, vive na Índia, ela também abandonada pelos pais, mesmo que ainda morando com os mesmos! É que ambos mal conversam com ela e a deixam todo o tempo aos cuidados de uma aia. Assistimos ainda, logo nesse começo da história, todos os adultos da casa morrerem de cólera, quando, então, ela é encontrada sozinha no bangalô.
Eu não cheguei, portanto, a conhecer o tal jardim do título da obra, mas já sei que será um jardim de maravilhas, como costuma ser o que é do plano redentor de todo sofrimento. ;-)
De qualquer modo, importa aqui registrar essa minha solidariedade em relação ao abandono de um modo geral, que é realmente uma das realidades mais tristes na infância, para não falarmos na realidade ainda mais triste do abandono de pais na velhice (na verdade, não dá para pensar no que seja pior entre ambas circunstâncias). Essa última, entretanto, é mais comum do que imaginamos... São nesses dois extremos da vida, quando as pessoas mais precisariam de cuidados, que, muitas vezes, elas são abandonadas.
Tais expressões dessa dolorosa realidade humana, quando desenvolvidas em obras de arte, podem até nos chocar, mas ao mesmo tempo nesse contexto nos consolam, porque ali já há a elaboração da experiência em um grau superior e que nos permite imaginar uma saída mais honrosa para tanta tristeza. Pois, então, ela geralmente se revela pela solidariedade dos justos: o que nem sempre encontramos na vida real, lamentavelmente.
Que esses modelos exemplares, idealizados na arte, possam nutrir mais esperança para o nosso plano comum, a saber: o da realidade cotidiana. Oxalá!
Por exemplo, eu pude ver e escrever a respeito do filme Adorável Pivellina e foi tocante conhecer a personagem que encontrou uma pobre menina de 2 anos abandonada em um balanço de playground e vê-la sendo obrigada a fazer companhia e distrair uma criança perdida, portanto, a imagem mais flagrante da inocência, quando aguardam, ambas, por um longo tempo, uma mãe que não aparece.
E hoje eu estava nessa livraria e vi um exemplar muito charmoso de um livro que é um clássico da literatura infantil inglesa: The Secret Garden, de Frances Hodgson Burnett.
Eu não leio em língua inglesa mais amiúde como gostaria, embora consiga fazê-lo bastante bem, sem precisar recorrer ao dicionário a cada palavra desconhecida do meu vocabulário individual naquela língua. Contudo, nunca é tão fácil ler em outro idioma, e, ainda assim, quando comecei a ler esse livro não consegui parar, pois é também essa, como foi assistir aquele filme, uma experiência adorável.
Já li dois capítulos do livro e foi igualmente comovente ver a protagonista, Mary Lennox, uma garotinha de apenas 9 anos de idade e que, no começo da história, vive na Índia, ela também abandonada pelos pais, mesmo que ainda morando com os mesmos! É que ambos mal conversam com ela e a deixam todo o tempo aos cuidados de uma aia. Assistimos ainda, logo nesse começo da história, todos os adultos da casa morrerem de cólera, quando, então, ela é encontrada sozinha no bangalô.
Eu não cheguei, portanto, a conhecer o tal jardim do título da obra, mas já sei que será um jardim de maravilhas, como costuma ser o que é do plano redentor de todo sofrimento. ;-)
De qualquer modo, importa aqui registrar essa minha solidariedade em relação ao abandono de um modo geral, que é realmente uma das realidades mais tristes na infância, para não falarmos na realidade ainda mais triste do abandono de pais na velhice (na verdade, não dá para pensar no que seja pior entre ambas circunstâncias). Essa última, entretanto, é mais comum do que imaginamos... São nesses dois extremos da vida, quando as pessoas mais precisariam de cuidados, que, muitas vezes, elas são abandonadas.
Tais expressões dessa dolorosa realidade humana, quando desenvolvidas em obras de arte, podem até nos chocar, mas ao mesmo tempo nesse contexto nos consolam, porque ali já há a elaboração da experiência em um grau superior e que nos permite imaginar uma saída mais honrosa para tanta tristeza. Pois, então, ela geralmente se revela pela solidariedade dos justos: o que nem sempre encontramos na vida real, lamentavelmente.
Que esses modelos exemplares, idealizados na arte, possam nutrir mais esperança para o nosso plano comum, a saber: o da realidade cotidiana. Oxalá!