No mês passado, eu postei a imagem de um canteiro de tulipas
na minha página do facebook. Algumas pessoas, sensibilizadas por tanta beleza,
curtiram ou mesmo comentaram a postagem, algumas dizendo o quanto amavam a flor.
Uma tia querida disse-me ainda que, não sabia o motivo ao certo, mas sempre sentira
a tulipa como se ela fosse mesmo uma flor romântica. Disse que talvez isso se desse por influência de
uma leitura que ela fizera de um romance de Alexandre Dumas, A Tulipa Negra.
Eu, imediatamente, fiquei com vontade de ler o livro. Eu sou
assim, não posso ouvir falar em um clássico da literatura que lamento não o ter
lido e, encontrando o livro, corrijo imediatamente a falta.
Pois bem, foi em um sebo no centro da cidade que encontrei
uma edição do romance francês, em português. A edição que li, portanto, foi
esta preparada para a FTD, com tradução e adaptação de Francisco Balthar
Peixoto e que contém lindas ilustrações de Alexandre Camanho.
O autor de Os três mosqueteiros escreveu esta história
fascinante e que se passa na Holanda do século XVII. Entre o início de 1672 e
15 de maio de 1673, mais precisamente. Injustamente acusado de traição, Cornélius
van Baerle, médico e cultivador de tulipas, é preso, e habitando a cela de uma
prisão se apaixona por Rosa, a bela filha do carcereiro.
Então, teremos a conjunção de um amor praticamente
impossível , bem como a necessidade do prisioneiro de cultivar a tulipa negra.
É que era essa a intenção de van Baerle, desde antes de ser preso injustamente:
participar do desafio que a Associação Hortícola de Haarlem propusera, bem como
receber o prêmio concedido àquele que conseguisse produzir a tal tulipa.
Dumas partiu inicialmente de fatos históricos verdadeiros, o
do assassinato dos irmãos De Witt, políticos influentes no reinado do príncipe Guilherme
de Orange e que são considerados traidores do reino (no romance, um deles é
padrinho do protagonista), bem como o do crescimento da especulação econômica
em torno da planta. Ele entrelaça tais fatos com uma belíssima história de amor
e de aventura.
Assim sendo, há obviamente um invejoso vizinho que também
cultivava papoulas e que se torna o vilão da história. E, por mais que nós
saibamos que ninguém é totalmente mal, assim como ninguém é bom, completamente, ainda assim, quando uma literatura como a de Dumas nos apresenta esses tipos puros e que
correspondem ao arquétipo dessa duplicidade que há em nós, penso que, da mesma
maneira que queremos nos melhorar, nós também desejamos, na história e pela história, que o bem e o amor
vençam por fim.
Há maior alegria do que ter esse desejo completamente satisfeito?
Há maior alegria do que ter esse desejo completamente satisfeito?