segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Velho Chico



Uma das experiências mais fascinantes que tive nestas férias foi a de conhecer o Rio São Francisco, em uma localidade próxima a Juazeiro, na Bahia.

Primeiramente, saímos de Catuni da Estrada pela rodovia BR407, que, aliás, também liga Salvador a Juazeiro. Em um trecho da rodovia, que liga Juazeiro a Jaguarari, temos uma considerável extensão de Caatinga .

Trata-se do único bioma exclusivamente brasileiro e que, portanto, propicia que tenhamos contato com uma grande parte de um patrimônio biológico que não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta. Não é o máximo isso?


O nome Caatinga vem do Tupi e significa ka'a [mata] + tinga [branca], ou seja, mata branca. De fato, a paisagem é toda esbranquiçada, apresentando uma vegetação em que a maioria das plantas perdeu as folhas, permanecendo com seus troncos esbranquiçados e secos.

Foi incrível observar que estávamos lá em Catuni em uma paisagem verde e exuberante e, de repente, ela já era toda constituída dessa mata aparentemente sem vida, de qualquer modo, sem viço, mas, de todo modo, dona daquela beleza que nasce da dificuldade, do sofrimento e que somente a natureza pode conceber no seu silêncio.


Quando fomos chegando à beira do rio, a paisagem voltou a ser viçosa, verde, e meus olhos ficaram marejados ao me deparar com um dos mais importantes cursos d'água do Brasil e mesmo de toda a América do Sul.


Sabemos que a nascente real e geográfica deste rio está localizada no município de Medeiros, em Minas Gerais e que na Serra da Canastra, no município de São Roque de Minas, é que se encontra, a aproximadamente 1.200 metros de altitude, a chamada nascente histórica e que por muito tempo se pensou ser a sua nascente real.

Ele atravessa todo o estado da Bahia, fazendo sua divisa ao norte com Pernambuco, que foi onde eu fui encontrá-lo. Depois, ele constitui a divisa natural dos estados de Sergipe e Alagoas, e, por fim, deságua no Oceano Atlântico, drenando uma área de aproximadamente 641.000 km². Seu comprimento medido a partir da nascente histórica é de 2.814 km, mas chega a 2.863 km quando medido ao longo do trecho geográfico.

O nome original do rio é indígena, pois toda a sua foz era habitada por índios destemidos e guerreiros e que o chamavam Opará algo como “rio-mar”. Hoje e desde há muito, também é chamado carinhosamente de Velho Chico, uma vez que Américo Vespúcio o batizou Rio São Francisco, quando comandou a primeira expedição que partiu do litoral navegando em sua foz no dia do santo: em 4 de outubro de 1501.

É impossível não nos emocionarmos com a sua vastidão, esse verdadeiro mar de água doce e, sobretudo com a sua história, uma vez que sabemos que nesse caso se trata, como nos disse Guimarães Rosa, da história do sofrimento de um rio que há mais de quinhentos anos é fonte de vida e riqueza.

Sim! Ele faz com que suas águas deem notícia todo o tempo dessa história acumulada em fulgurante beleza.













O caboclo, que comandava a barca que nos levou da margem do rio a uma pequena ilha no seu centro, chamou-me galego, como chamam em certas partes do Brasil alguém que tenha cabelos louros ou claros ou tão somente alguém de pele branca.

Eu tinha que ficar deveras comovido com tudo isso: com a gente, com o rio e seu nome santo, sempre levando a vida adiante em sua correnteza.





2 comentários:

  1. Josafá, que férias maravilhosas. Não é para todos ter a alegria de percorrer num barco as águas do Rio São Francisco. Um rio cheio de mitos e lendas que nos convida a amá-lo. Acho que entendi sua grande emoção. Conhecer o Velho Chico fonte de vida, onde ao longo de sua extensão, gera uma grande riqueza de energia, de lazer, de pesca e turismo. Ah! esta emoção que você sentiu na verdade é ter a certeza de tão grande é a importância do Rio São Francisco para o homem.

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