sexta-feira, 28 de março de 2014

Sideração


Estou tomado por um sentimento muito especial e que há muito eu não sentia. É algo que diz respeito à emoção, e que, se fosse possível fazer um paralelo com alguma sensação física, seria semelhante àquela que a criança sente quando brinca pela primeiríssima vez num carrocel.

Sabe quando você tem com alguém uma cumplicidade que é única, porque abarca uma compreensão do que é viver para o aprendizado intelectual? Quando, ainda mais, nisso reside aquilo que seduz em cada qual? E seduz mais do que o restante seduziria, pois todo o resto seria o óbvio em se tratando de pessoas incomuns por natureza.

Quando falo em aprendizado intelectual, quero dizer com isso toda aquela experiência que é da ordem do cognitivo como: aprender uma língua estrangeira (poder conversar nessa língua em comum), falar de literatura ou de livros, ou de artes plásticas ou de fotografia... Enfim, trata-se de poder falar com este alguém especialmente de coisas sobre as quais você não poderia falar com todos os demais ou ao menos não da mesma maneira e essa particularidade é que faz com que tudo isso seja um Alento.

E então, você até imagina, por exemplo, que a cumplicidade possa não passar dessa fronteira.

Contudo, apenas poder vislumbrar essa extensão de intimidade, com seu desenho específico e lúdico e lúcido, isso já te toma inteiramente, porque viver essa dimensão da amizade é aguardar a promessa do que se estenderia além e já representaria a sedução mesma do desconhecido nessa interação atualizada.

Então, um corpo de expectativas renovadas nasce e cresce em você, nesta extensão particularíssima do desejo, pois, embora aqui o que seduza viva efetivamente nessa promessa do além, abarca ainda o que antes do agora já existira.

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