quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Poesia Albanesa

Luljeta Lleshanaku 
Já faz um tempo que descobri um blog muito sofisticado: 
Poesia & Lda., que  se propõe a divulgar a poesia produzida em diferentes culturas, inclusive, em culturas das quais dificilmente temos acesso à produção literária.

Hoje eu estava apreensivo com aquela gente linda do Greenpeace que continua presa na Rússia, inclusive com a brasileira Ana Paula, que se encontra entre eles!

Penso que  não por acaso, encontrei neste blog a poesia de LULJETA LLESHANAKU (ler Liublieta), que nasceu em Elbasan, na Albânia, em 1968.

É alguém da minha idade (eu nasci em 1967) e é uma mulher. 
Dois motivos mais do que suficientes para eu me identificar com sua poesia. ;-)

Este poema postado naquele blog por João Luís Barreto Guimarães tem como temática os diferentes modos de ser prisioneiro... 

Enquanto reflito nessa temática, mando as minhas mais sinceras e boas vibrações para que se tenha a melhor solução para o caso, dentre os resultados da audiência que aconteceu ontem em Hamburgo, na Alemanha, no Tribunal Internacional de Direito Marítimo.

Tal audiência ocorreu graças ao  governo holandês, diga-se de passagem, e que quer a libertação do navio Arctic Sunrise – de bandeira holandesa – bem como de toda a tripulação que estava a bordo da embarcação. Que assim seja!


PRISIONEIROS


Prisioneiros
culpados ou não
parecem sempre iguais quando são libertados –
patriarcas destronados.

Este acabou de passar cabisbaixo
pelo portão, apesar de não ser alto
seus gestos como os de um Beduíno
entrando na tenda
transportando às costas o dia inteiro.

Cortinas de algodão, paredes de pedra, o cheiro a cal queimada
levam-no de volta para o momento
em que a guerra fria terminou.

No outro dia, o seu lençol foi pendurado no pátio
como se a ostentar a mancha de sangue
depois da noite de núpcias.

Rostos manchados pelo sol
cercam-no, todos olhos e ouvidos:
"Com o que é que sonhaste a noite passada?"
Os sonhos de um prisioneiro
são pergaminhos
feitos sagrados pelas passagens em falta.

Sua irmã ainda está a descobrir os seus estranhos hábitos:

pedaços de pão escondidos nos bolsos, e sob a cama
o implacável corte da madeira para o inverno.

Porquê este medo?
O que pode ser pior do que a vida na prisão?

Ter escolhas
mas ser incapaz de escolher.
A brasileira Ana Paula é uma das 30 pessoas presas na Rússia após protesto pacífico contra exploração de petróleo no Ártico. Foto: © Dmitri Sharomov/Greenpeace

Você pode assinar a petição pela libertação dessa gente boníssima aqui.